Uma pesquisa divulgada em março pela Equileap, organização que defende a igualdade de gênero no mercado de trabalho, mostrou o que as mulheres já sabem: grande parte das empresas falha em coibir o assédio sexual no ambiente de trabalho. O estudo, que analisou dados de 3.702 empresas de 23 países, revelou que menos da metade das companhias lida com o assédio sexual. A saída, segundo a entidade, passa pela criação de legislação que obrigue as empresas a agirem contra o assédio.
Um dos grandes problemas está na subnotificação dos casos, alguns caminhos que os empresários têm para descobrir e coibir o crime é por meio de programas de compliance e da ação dos chamados entrevistadores forenses. “Esses são os profissionais responsáveis por analisar suspeitas de irregularidades e detectar casos de assédio sexual e moral, entre outras condutas, dentro das companhias. Muitas vezes somos requisitados para investigar fraudes ou outras condutas e acabamos descobrindo casos de assédio”.
Por meio de técnicas variadas, o entrevistador forense consegue descobrir a verdade que muita gente não sabe como revelar. “Muitas mulheres sentem vergonha por terem sido vítimas de assédio e tendem a, de alguma forma, pensar que algo no seu comportamento contribuiu para aquele evento. Também temem serem desacreditadas se apresentarem uma reclamação e, por isso, acabam não denunciando”.
Pela natureza do crime o trabalho dos entrevistadores forenses é essencial para combater a prática nas empresas. “Abordagem nas suspeitas de assédio sexual tem que ser feita de forma empática, respeitosa, compreensiva e com sólidos conhecimento jurídicos para entender de que forma o caso aconteceu e como solucionar. É preciso ter certa sensibilidade porque envolve um conjunto emocional muito forte, é preciso ter muito cuidado com a vítima”.
Como identificar
A vítima comumente dá indícios, mesmo discretos, de que algo está errado. “Se a gente estiver atento e olhar para as pessoas, consegue ver esses sinais. Sempre que uma mulher é vítima de assédio, ela luta com todas as forças para não ficar sozinha com o assediador em ambientes da empresa, happy hour e outras confraternizações. E quando ele passa por ela, ela faz uma expressão de nojo, mesmo que discreta. Já descobri casos de assédio sexual em empresas que me contrataram para investigar fraudes por uma simples expressão de nojo, apresentada por uma mulher ao ser perguntada sobre um colega, por exemplo”.
Grande abraço!
André Costa de Almeida, OAB/SP: 314.283 | cfi | pdpe | cpc-a | mba